Histórico da transfusão sangüínea

Histórico da transfusão sangüínea

• Primórdios da humanidade: sangue = vida
> Egípcios e romanos untavam-se, banhavam-se e bebiam o sangue de guerreiros mortos
> Idade média: “tônico de rejuvenescimento” e cura para várias doenças

• 1492: primeiro relato de uma transfusão sanguínea da história – Papa inocêncio VIII; receptor e doadores foram a óbito

• 1628: descrição da circulação sanguínea por harvey – Experiências de tranfusões entre animais

• 1667: jean denis – Transfusões de sangue de animais em seres humanos; num dos casos paciente apresentou pulso acelerado, sudorese, dor nas costas, vômitos, diarréia, urina “escura” – primeiro relato de uma reação hemolítica pós-transfusional

• 1678: proibição das transfusões sangüíneas pelo parlamento francês e real sociedade de medicina de londres, seguidas pelo papa, em 1679

• 1818: james blundell – Relato de transfusão sangüínea de um homem para outro

• 1840: lane – Utilização de sangue fresco para corrigir a tendência de sangramento em hemofílicos

• 1900: karl landsteiner – Descoberta dos grupos sangüíneos a, b, e o – Início do período científico da hemoterapia.

• 1902: decostello e sturli – Descoberta do grupo ab.

• 1907: (ottemberg) e 1910 (moss) – Introdução dos testes de compatibilidade pré-transfusionais

• 1937: landsteiner e wiener – Identificação do fator rh

• 1945: descoberta dos sistema lutheran; 1946 – Kell; 1950 e 1951 – Duffy e kidd

• Hoje: mais de trezentos antígenos de grupos sangüíneos

Evolução da hemoterapia

• Início do século: transfusões “braço-a-braço”

• Surgimento do primeiro tipo de serviço especializado: “serviço de transfusão de sangue”
> Médico com prática na técnica da transfusão
> Corpo de doadores universais (grupo o)
> “aparelhos” para transfusão
> 1º sts ?1921, em londres (cruz vermelha)

• “desenvolvimento de soluções anticoagulantes e preservantes: estocagem do sangue
> Citrato de sódio e glicose
>Ácido-citrato-dextrose (acd)
> Citrato-fosfato-dextrose (cpd)

• 1937 (eua): banco de sangue
> Sangue era “depositado”
> Hospitais mantinham “saldo”
> Retiradas (“saques”) feitas através de requisições transfusionais

Atual serviço de hemoterapia

• Desde agências transfusionais à hemocentros

• Constitui-se de uma equipe multidisciplinar
> Médicos
> Enfermeiros
> Farmacêuticos-bioquímicos
> Assistentes sociais
> Biólogos, biomédicos
> Outros: psicólogos, fisioterapeutas, odontólogos

• Setores
> Serviço social: captação de doadores, campanhas de esclarecimento, reposição de estoques
> Triagem de doadores: proteção ao doador e ao receptor
> Coleta
> Laboratório
> produção
> sorologia e imunohematologia
> estoque e distribuição
> controle de qualidade

O que é o sangue

O que é o sangue

O sangue humano é composto por plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas. É um tecido vivo que circula pelo corpo, levando oxigênio e nutrientes a todos os órgãos. Ele é classificado em grupos e subgrupos: ABO (A, B, AB e O) e os Rh (positivo e negativo). Na população brasileira, os percentuais são de aproximadamente 45% de tipo O e 42% tipo A. O grupo B representa 10% e o AB com apenas 3%. Em termos de fator RH, os tipos negativos são os mais raros.

Sangue Universal

Em caso de transfusão, o ideal é que o paciente receba sangue do mesmo tipo que o seu. Em urgências, quando muitas vezes não há tempo para tipificar o sangue, é que se usa o SANGUE UNIVERSAL “O -“. Isso é uma dificuldade crônica para os hemocentros e bancos de sangue, já que apenas 9% da população brasileira têm esse tipo sanguíneo. Na Região Sul, por questões de formação racial, a situação é ainda mais crítica: apenas entre 4% e 5% das pessoas são “O -“.

Por que doar Sangue

Muitas pessoas não sabem que doar sangue é simples, rápido e não dói. Desconhecem que todo ser humano em boas condições de saúde pode doar sangue sem qualquer risco ou prejuízo a sua saúde.
Doação de sangue é vida gerando vida
Todos os dias, infelizmente, acontecem acidentes. Pessoas sofrem cirurgias de urgência. Elas aguardam que pessoas façam um gesto de solidariedade e doem sangue para reabilitar a vida.
Não só os acidentados precisam de transfusões. Quem sofre queimaduras e os hemofílicos, por exemplo, também necessitam delas.
Se cada cidadão saudável doasse sangue pelo menos duas vezes por ano não seriam necessárias campanhas emergenciais para coletas de reposição de estoques. O sangue não tem substituto e por isso a doação voluntária é fundamental. Uma simples doação pode salvar muitas vidas. Inclusive a sua.

A Doação

A Doação deve ser voluntária, anônima, não remunerada,
direta ou indiretamente.

Antes da doação é feita uma avaliação, na qual podem ser
detectadas algumas condições que possam impedir sua doação.

Critérios básicos para a doação de sangue

• Apresentar documento de identidade oficial com foto.
• Ter entre 18 e 65 anos.
• Ter boa saúde.
• Ter peso igual ou superior a 50 kg.
• Intervalo das doações:
• Homens: a cada 60 dias
• Mulheres: a cada 90 dias

 

 

Pré Triagem

Realizada pelo técnico de enfermagem, onde são verificados os seguintes dados: Taxa de hemoglobina ou  hematócrito : Realizada em amostra de sangue do candidato, obtida por punção digital e analisada por equipamento específico para esta leitura.

Hemoglobina:
• Homens: Não deve ser inferior a 13,0 g/dl .
• Mulheres: Não deve ser inferior a 12,5 g/dl.

Hematócrito:
• Homens: Não deve ser inferior que 38%.
• Mulheres: Não deve ser inferior a 39%

• Peso: Não deve ser inferior a 50 Kg .
• Pulso: Deve apresentar características normais, ser regular e a freqüência não deve ser menor e nem maior que 100 batimentos por minuto.
• Temperatura: Não deve ser superior a 37ºC.
• Pressão arterial: A pressão sistólica não dever ser maior que 180mmHg e nem inferior a 90 mmHg.
• A pressão diastólica não deve ser menor que 60mmHg e nem maior que 100mmHg.

Triagem Clínica

• Entrevista individual realizada por um profissional de saúde de nível superior, capacitado e conhecedor das normas, observando critérios que visam a proteção do doador e do receptor.
• Impedir a doação de sangue de pessoas que estão na janela imunológica.
• Esta avaliação deve ser realizada em ambiente que garanta a privacidade e o sigilo das informações prestadas.

Principais aspectos da entrevista clínica
• Doenças atuais ou anteriores.
• Uso de medicamentos.
• Anemia e sinais vitais.
• Gravidez, lactação, aborto.
• Jejum e alimentação.
• Alergias.
• Alcoolismo.
• Imunizações.
• Triagem Clínica
• Transfusões.
• Doenças infecciosas.
• Uso de drogas.
• Situações de risco acrescido ( múltiplos parceiros, DST, tatuagem, acidentes com material biológico..)
• Cirurgias e internações hospitalares.

Voto de Auto-exclusão

Recurso utilizado coma finalidade de garantir a qualidade do sangue, permitindo que doadores em situação de risco declarem que seu sangue não é seguro para a transfusão.

A auto-exclusão deverá ser confidencial.

No momento da doação serão retirados aproximadamente 450 ml de sangue, que serão coletados em uma bolsa plástica descartável que já tem uma quantidade padronizada de anticoagulante.

Após cada doação são realizados uma série de exames em seu sangue, como:

Tipagem sangüínea ABO e Rh

Pesquisa de anticorpos irregulares

Testes sorológicos para: Hepatite B, Hepatite C, Doença de Chagas, Sífilis, HIV (AIDS), HTLV I/II

Fracionamento e transfusão

Após a coleta do sangue, a bolsa obtida é encaminhada para o fracionamento, onde serão separados os componentes: concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma e crioprecipitado. Assim podemos oferecer aos pacientes exatamente os hemocomponentes que eles necessitam.

 

Antes da aplicação de qualquer componente são realizados uma série de exames pré transfusionais, como tipagem sanguínea, pesquisa de anticorpos irregulares, retipagem da unidade a ser transfundida e provas de compatibilidade para ter certeza de que o paciente pode receber a unidade que foi selecionada.

Todas as etapas do processo são informatizadas, com utilização de código de barras, assegurando um controle rigoroso de cada etapa e permitindo que tudo esteja registrado e possa ser rapidamente conferido a qualquer momento.

Segue abaixo quadro que resume as possibilidades de transfusão conforme o tipo sanguíneo:

Normas gerais para doação de Sangue

Normas gerais para doação de Sangue

Conforme a Legislação Atual – Resolução – RDC nº 153, de 14 de junho de 2004 -abaixo estão relacionadas as principais causas de inaptidão para a doação de sangue.

Informações importantes sobre Doação de Sangue

• A quantidade de sangue retirada em cada doação é recuperada rapidamente.

• Todo o material utilizado na coleta do sangue é descartável, garantindo a segurança do doador.

• Doar sangue não altera a pressão arterial, não engrossa nem modifica o sangue.

• Doador não tem nenhuma obrigação de doar sangue novamente. Só faz isso se quiser, com intervalo de aproximadamente 3 meses entre cada doação.

• É necessário um documento de identificação com foto emitido por órgão oficial, ou cópia autenticada.

Normas gerais para doação de Sangue

Principais causas de inaptidão para a doação de sangue:

Idade

Idade: candidatos com idade inferior a 18 anos ou superior a 65 anos.

Alimentação

Alimentação: candidatos em jejum ou que ingeriram alimentos gordurosos há menos de 4hs.

Doenças

Doenças: candidatos com história de doenças hematológicas, cardíacas, renais, pulmonares, hepáticas, autoimunes, diabetes, hipertireoidismo, hanseníase, tuberculose, câncer, sangramentos anormais, convulsões, ou portadores de doenças infecciosas cuja transmissibilidade através de transfusão sangüínea seja conhecida: Doença de Chagas, Hepatite, AIDS, Sífilis. Estados gripais ou alérgicos contra-indicam a doação.

Principais causas de inaptidão definitiva para doação de sangue:

• Alcoolismo crônico
• Bronquite e asma (crises a cada 3 meses ou menos, sem controle com medicamentos por via inalatória)
• Câncer (inclusive leucemia)
• Cardiopatias graves, Doença renal Crônica, Doenças hemorrágicas
• Diabetes tipo I, Diabetes tipo II com lesão vascular
• Doença de Chagas, Tuberculose extra-pulmonar, Hanseníase
• Hepatite viral após 10 anos de idade
• Infecção por HBV, HCV, HIV, HTLV I/II
• Malária (febre quartã – Plasmodium malariae), Elefantíase (filariose)
• Reação adversa grave em doação anterior
• Doença Pulmonar: Enfisema, D.P.O.C., história de embolia pulmonar
• Antecedentes de AVC, Antecedente de câncer
• Psicoses, esquizofrenia ou doenças que gerem inimputabilidade jurídica

Principais causas de inaptidão temporária para a doação de sangue:

• Causas de inaptidão temporária Tempo de inaptidão
• Diabetes tipo II não controlado Até o controle
• Acupuntura ou “piercing” feitos com material descartável 3 dias após realização
• Acupuntura ou “piercing” feitos sem condições de avaliação 12 meses após realização
• Tatuagem 12 meses
• Alergias (tratamento de dessensibilização) 3 dias após o fim do tratamento
• Alergias (urticária, rinite, dermatite e outras) Na fase aguda e durante o tratamento
• Asma ou bronquite leve (crises com intervalos maiores que 3 meses, compensadas com medicamentos via inalatória) 1 semana após a última crise e desde que não esteja em uso de medicamento
• Atraso menstrual em mulheres em idade fértil Até que se afaste a possibilidade de gravidez ou de outro problema que impeça a doação
• Diarréia 1 semana após a cura
• Esclerose de varizes de membros inferiores 3 dias após o procedimento
• Labirintite 30 dias após a crise e sem uso de medicamento
• Lesões de pele no local da punção venosa Até a cura
• Retirada de verrugas, unhas, manchas e outros pequenos procedimentos dermatológicos 1 semana após a alta
• Lesões dermatológicas: eritema polimorfo, eritrodermias, líquen plano 6 meses após a cura
• Adenomegalia a esclarecer Avaliação caso a caso

Intervalo de doação

Intervalo de doação: o intervalo mínimo entre cada doação deverá ser de 90 dias para a mulher e 60 dias para o homem, desde que num período de um ano se façam no máximo quatro doações para o homem e três para a mulher.

Gestação e puerpério

Gestação e puerpério: são excluídas as gestantes, as puérperas até 3 meses após o parto, e as mulheres que amamentam.

Abortamento

Abortamento: são excluídas as candidatas com história de abortamento há menos de 3 meses.

Profissão

Profissão: não devem ser aceitos como candidatos à doação pessoas que NÃO tenham repousado após exercerem trabalho noturno, pessoas que exerçam profissões de risco físico e que não possam interromper suas atividades por 12 horas.

Pressão arterial

Pressão arterial: são excluídos os candidatos com PA máxima acima de 180mmHg ou abaixo de 100mmHg e PA mínima acima de 100mmHg.

Peso corporal

Peso corporal: são excluídos os candidatos com peso inferior a 55 Kg.

Malária

Malária: excluir doadores que nos últimos 6 meses estiveram em área endêmica e que nos últimos 3 anos tiveram Malária. Excluir definitivamente os doadores que tiveram febre quartã (Plasmodium malarie).

Álcool

Álcool: quaisquer sinais de intoxicação pelo álcool ou história de alcoolismo crônico excluem o candidato. Ingestão de álcool há menos de 12 horas também impede a doação.

Grupos em situação de risco aumentado:

• Serão inabilitados de forma permanente como doadores de sangue os candidatos que tenham evidências clínicas ou laboratoriais de doenças infecciosas que sejam transmitidas por transfusão sanguínea.

• Serão inabilitados por 12 meses após a cura, os candidatos a doador que tiveram alguma Doença Sexualmente Transmissível – DST.

• Serão inabilitados por um ano, como doadores de sangue, os candidatos que nos 12 meses precedentes tenham sido expostos a uma das situações abaixo:

• Homens e ou mulheres que tenham feito sexo em troca de dinheiro ou de drogas, e os parceiros sexuais destas pessoas.

• Pessoas que tenham feito sexo com um ou mais parceiros ocasionais ou desconhecidos, sem uso do preservativo, ou que foram vítimas de estupro.

• Homens que tiveram relações sexuais com outros homens e ou as parceiras sexuais destes.

• Homens ou mulheres que tenham tido relação sexual com pessoa com exame reagente para anti-HIV, portador de hepatite B, Hepatite C ou outra infecção de transmissão sexual e sanguínea.

• Pessoas que estiveram detidas por mais de 24 horas em instituição carcerária ou policial.

• Pessoas que tenham realizado “piercing” ou tatuagem sem condições de avaliação quanto à segurança.

• Pessoas que tenham apresentado exposição não estéril a sangue ou outro material de risco biológico;

• Pessoas que sejam parceiros sexuais de hemodialisados e de pacientes com história de transfusão sanguínea;

• Pessoas que tiveram acidente com material biológico e em conseqüência apresentaram contato de mucosa e ou pele com o referido material biológico.

Perda de peso

Perda de peso: perda acima de 10% do peso nos últimos 3 meses.

Cirurgias

Cirurgias: rejeição por 6 meses a 1 ano para grandes cirurgias, 3 meses para pequenas cirurgias e 72 horas para extração dentária ou manipulação dentária.